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PROTESTO REÚNE CERCA DE 50 MIL SERVIDORES E DURA QUASE 9 HORAS
10maro / 2022
“Zema caloteiro cadê meu dinheiro” foi um dos gritos de ordem no protesto
O terceiro protesto das Forças de Segurança para cobrar o governador Romeu Zema (Novo) a recomposição salarial de 24% mobilizou cerca de 50 mil servidores ontem, em Belo Horizonte. A estimativa de participação é dos organizadores. A concentração começou por volta das 9h na praça da Estação, na região central da capital. Conforme a projeção, o número de presentes na mobilização de ontem superaria aquela realizada em 21 de fevereiro. Na oportunidade, a própria organização estimou a participação em 30 mil pessoas. A categoria exige recomposição salarial, como foi acordado com o governador Romeu Zema em 2019. Na ocasião, o chefe do Executivo propôs a recomposição inflacionária em três parcelas, em anos consecutivos: 2020, 2021 e 2022. No entanto, Zema pagou a primeira parcela e vetou as duas restantes. Na última quinta-feira, a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, recebeu as lideranças sindicais na Cidade Administrativa, mas não houve qualquer avanço nas tratativas. O governo de Minas argumenta que a recomposição de 10,06% proposta para todo o funcionalismo público está dentro do limite prudencial de gastos com pessoal conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ou seja, não poderia cumprir o pagamento diferenciado de 24% restantes para as Forças de Segurança.
PERCURSO. Os servidores seguiram, em passeata, para a praça Sete e, em seguida, para a praça da Liberdade. No percurso gritaram palavras de ordem, como “Zema caloteiro, cadê o meu dinheiro?” e, em tom das músicas das torcidas de futebol, cantaram que “a polícia parou”. No carro de som, líderes sindicais falaram sobre a importância do ato e da valorização das categorias. Da praça da Liberdade, parte dos servidores seguiu em comboio até a Cidade Administrativa. Ao todo, o protesto durou cerca de nove horas. Com a aproximação dos agentes, algumas secretarias liberaram os trabalhadores mais cedo. O Estado negou que tenha evacuado os prédios, mas admitiu que, para evitar que servidores que trabalham na Cidade Administrativa ficassem presos no trânsito, encerrou o expediente antes do horário. As Forças de Segurança afirmam que não estão em greve, e sim atuando na “estrita legalidade”, sem mover esforços além do que é estabelecido nas normas de trabalho. Na prática, isso tem levado à diminuição do tempo de visita de famílias a parentes nos presídios nos finais de semana, por exemplo, já que, agora, o atendimento dos policiais penais nas unidades é mais devagar.
MOTE DO MOVIMENTO É MOSTRAR QUE ZEMA NÃO CUMPRE PROMESSA
Líderes das categorias enfatizam falta de compromisso do governador com o que foi acordado
A manifestação de ontem mostrou que as categorias das Forças de Segurança do Estado, além de estarem mobilizadas e organizadas, que já definiram um mote de fácil entendimento e cobrança ao governador Romeu Zema (Novo): a falta de palavra do chefe do Executivo. Além das palavras de ordem durante o protesto, os representantes dos servidores e os próprios manifestantes bateram nesta tecla durante todo o protesto. “Zema já assumiu um compromisso anterior e não cumpriu. O governador não tem palavra. Então, a gente só aceita quando tudo já estiver no papel, sancionado certinho”, disse a diretora de Comunicação Social da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), Aline Risi. “Se ele chegar para negociar e atender as nossas reivindicações, concedendo a nossa recomposição, além de retirar o projeto de adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) – não apenas retirar a urgência –, começa a modificar todo o movimento”, completou Aline. O vice-presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares (AspraPMBM), Marco Antônio Bahia, classificou a promessa de Zema como uma bravata. “Ele deixou o fio de esperança para que a nossa categoria fosse contemplada nessa negociação, mas o governador e o secretariado, com todo o respeito, sempre faz esse tipo de divulgação somente para agradar à população mineira. Zero chance de acontecer. É só mesmo uma bravata que ele está falando”, avaliou Bahia. Em entrevista ao Café com Política, na rádio Super 91,7 FM, o presidente da Aspra, o subtenente Heder Martins de Oliveira, disse que o governo de Romeu Zema não tem palavra. “Eu estive com o presidente da ALMG, Agostinho Patrus, esse governo a palavra dele não dura 15 minutos. E é verdade. Fala uma coisa contigo, mas muda de ideia no minuto seguinte. É assim que o Zema se comporta. Essa é a fala do Agostinho Patrus, e concordo”, afirmou Oliveira. O presidente ainda destacou que Minas Gerais pode perder posições no quesito de Estado mais seguro do Brasil com o governo Zema. “O governador conseguiu trazer para dentro da segurança pública de que ele é mais um apenas. Saltaremos do Estado mais seguro. E o culpado é o governador Romeu Zema”, completou o presidente da Aspra. O vice-presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Minas (Sindppen), Vladimir Dantas, afirmou, em entrevista ao programa Patrulha da Cidade, da rádio Super 91,7 FM, que a cobrança é pelo acordo que foi firmado pelo governo do Estado há dois anos. “Estamos cobrando que o governador cumpra o que acordou conosco em ata. O governo tem caixa, tem dinheiro e se exime de se reunir com os servidores”, reclamou.