O SINDEPOMINAS é uma sociedade sem conotação político - partidária, sem fins lucrativos e sem orientação religiosa, com atuação pautada nos limites da lei e dos interesses nacionais.
Demandas de prefeitos da Zona da Mata e de autoridades de segurança pública foram apresentadas nesta quinta-feira (4). Participantes assinaram carta, que será encaminhada ao governador Fernando Pimentel
Mais policiais militares e civis e melhor infraestrutura de trabalho foram as principais cobranças apresentadas por representantes das cidades da Zona da Mata e também das Polícias ao secretário de Estado de Segurança Pública, Sérgio Barboza Menezes e ao superintendente de Investigações e Polícia Judiciária da Polícia Civil de Minas Gerais, Márcio Lobato Rodrigues durante uma reunião nesta quinta-feira (4) em um hotel no Centro de Juiz de Fora.
“Estamos aqui para ouvir para ouvir os prefeitos e validar algumas ações que serão colocadas à disposição. O projeto "Fica Vivo" na área de prevenção e ações integradas de combate na área de criminalidade, para a gente traçar um plano de ação para a região, juntando os esforços das forças de segurança e inteligência, fazer muito mais com muito menos. Esse é o nosso desafio”, afirmou Menezes.
Segundo o secretário, o anúncio formal do programa será feito nos próximos dias e a expectativa é de que esteja em execução entre 15 e 30 dias.
As demandas foram apresentadas pelos representantes em um hotel, durante um encontro articulado pelo deputado estadual, Isauro Calais, que trouxe os representantes do governo para conversar com prefeitos e vereadores de 30 cidades da Zona da Mata.
O objetivo era debater a situação da segurança pública e como melhorar o trabalho das polícias na região. “Nós queremos que o Estado escute a Zona da Mata e possa ter uma política efetiva com as nossas divisas com os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, porque estamos sofrendo com essa violência a cada dia com entrada de armas e drogas e não se faz nada. Queremos o aumento do efetivo e a melhor condição de trabalho destes policiais e a melhoria do atendimento na população", disse o deputado.
Ao final do evento, os prefeitos assinaram uma carta que será encaminhada ao governador do Estado, Fernando Pimentel (PT), apresentando as necessidades para melhorar o a segurança pública na região.
Preocupação em diferentes setores
O juiz diretor do Fórum de Juiz de Fora, Paulo Tristão Machado Júnior, participou da abertura e se desculpou por não poder permanecer. Ele iria presidir, nesta quinta, o segundo dos 17 julgamentos no Tribunal do Júri previstos para o mês de maio.
"Sou juiz de direito há 24 anos e atuei na maioria das vezes na área criminal. Trago este testemunho desta violência alarmante em nossa comarca. Apesar dos esforços, o homicídio aumentou de forma assustadora. E na maioria dos casos, o crack tem sido a grande motivação das mortes, estupros e roubos. A presença de todos aqui demonstra que Juiz de Fora se une nesta preocupação e espero que saia algo positivo, que nos ajude no combate a criminalidade e diminuir estes índices", comentou.
O chefe do 4º Departamento da Polícia Civil, Carlos Roberto da Silveira Costa, destacou a união com a Polícia Militar, com o Corpo de Bombeiros e com a Guarda Municipal para combater os crimes. "Este encontro é de extrema importância e a comunidade está interessada no assunto. Temos uma expectativa muito grande de conseguir melhorias para a comunidade e para a Zona da Mata, porque infelizmente a criminalidade está em todo lugar”, ressaltou.
A delegada regional, Patrícia Barbosa, destacou que, neste ano em Juiz de Fora, entre homicídios consumados e tentados, foram 108 casos, sendo que 96 estão apurados e com autoria definida. "Com todos os problemas, temos feito grandes ações e ainda precisamos de mais. Temos planejamento conjunto com a PM e a Polícia Federal e o poder judiciário tem nos apoiado. A Polícia Civil tem feito a parte dela, investido no trabalho de inteligência que tem gerado grandes resultados e em operações de combate ao tráfico de drogas, porque acreditamos que é a causa do aumento dos homicídios", analisou.
De acordo com o comandante da 4ª Região de Polícia Militar, coronel Alexandre Nocelli, foram 6.037 prisões - sendo mil apreensões de crianças e adolescentes, e apreendidas 410 armas de fogo nos primeiros quatro meses de 2017 em Juiz de Fora.
"Temos um problema sério e grave, fundamentalmente estrutural, e as causas não estão na polícia, passam por cultura, estrutura e sociedade. Houve queda nos registros de roubo e queremos diminuir os homicídios. A PM tem tentando se aproximar da comunidade para melhorar", apontou.
O prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), destacou as intervenções e parcerias do Executivo - como o investimento anual de R$ 1 milhão no programa "Olho Vivo" - com as polícias Militar e Civil e cobrou mais investimento do Estado na região.
"Estamos aqui para discutir a parte que fala no dever do Estado para que possamos dar tranquilidade aos nossos cidadãos. Queremos saber como ele vai se programar pra trazer o que precisamos. As questões de efetivo, de melhor equipamento para que as polícias e os bombeiros possam realizar melhor o seu trabalho", cobrou o chefe do Executivo, que também anunciou que será iniciado o concurso público para guarda municipal.
O Secretário de Segurança Urbana e Cidadania de Juiz de Fora, José Armando da Silveira, destacou que a localização de Juiz de Fora a transforma em uma cidade que merecia tratamento diferenciado por parte do Estado. "A nossa discordância é sobre os números que alicerçam a distribuição de efetivo para Juiz de Fora e cidades vizinhas. Estamos entre Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte e temos todos os problemas das grandes metrópoles. Temos dez presos de organizações criminosas nas unidades prisionais locais. Queremos um tratamento especial, mais reciprocidade do Estado para que mais pessoas integrem as polícias e beneficiem Juiz de Fora e todas as cidades ao nosso redor", salientou.
O presidente da Câmara de Vereadores de Juiz de Fora, Rodrigo Mattos, reforçou o apelo, em especial, pela Polícia Civil. "Temos dois vereadores representando as polícias militar e civil, o que demonstra a preocupação dos nossos moradores com o tema. Estou pedindo mais estrutura para estes policiais e investigadores trabalharem. Atualmente, está muito ruim e equipar a Polícia Civil neste momento é fundamental", comentou.
O prefeito de Guarani e presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Paraibuna (Ampar), Paulo Neves, destacou a necessidade de integrar esforços em diferentes setores para obter melhores resultados.
"Os prefeitos são parceiros neste processo de melhoria de segurança pública. Nós nos deparamos com graves problemas, especialmente na zona rural. A Ampar faz um movimento regional e os dez itens o primeiro é a segurança pública e o segundo é a inclusão social. Temos que mostrar para a crianças e adolescentes que existem outros caminhos e dar oportunidades para transformar a vida deles", lembrou.
O Superintendente de Investigações e Polícia Judiciária da Polícia Civil de Minas Gerais, Márcio Lobato Rodrigues, disse que a situação foi causada pela falta de investimento por, pelo menos, 30 anos e concordou com a necessidade de ações integradas para obter resultados e destacou a intenção de ouvir as demandas e buscar soluções.
"A questão de segurança pública se resolve não só, mas também, com policia e medidas como ações sociais e distribuição de renda. A recomendação foi de ouvir a comunidade e os problemas, para que pudéssemos buscar soluções, na medida das possibilidades que temos, trazer melhorias para a qualidade de vida da comunidade. O caminho é o trabalho integrado com a PM, Ministério Público e Judiciário, porque onde já há temos resultados significativos", ressaltou.
Rodrigues lembrou também que a crise financeira limita, mas não impede os investimentos. "Evidentemente, nós estamos com muitas dificuldades, pela crise financeira que atinge o país e os Estados, alguns em situação até pior que Minas Gerais. Vamos conhecer os problemas e as possibilidades de remanejar algum recurso de ordem de pessoal ou material, para tentar diminuir as questões que assolam a cidades da Zona da Mata", concluiu.
Fonte: G1