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POLÍCIA DESARTICULA ORGANIZAÇÃO QUE COMANDAVA CRIMES DE DENTRO DE PRESÍDIOS EM MINAS E NO PARANÁ
04outubro / 2019
Justiça expediu 51 mandados, sendo 40 de prisão. De acordo com as investigações, o grupo criminoso chegou a ordenar o assassinato de agentes penitenciários.
A Polícia Civil realizou nesta quinta-feira (3) a operação Muralha, de combate ao crime organizado em Minas Gerais e no Paraná. Foram expedidos 51 mandados judiciais, 40 de prisão e 11 de busca e apreensão; 38 pessoas foram detidas. A ação aconteceu simultaneamente em 12 cidades e é coordenada por delegados de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. As investigações duraram sete meses e contaram com a colaboração do Sistema Prisional.
Segundo as informações da Polícia Civil, os integrantes de uma organização criminosa davam ordens de dentro de unidades prisionais para execução de vários crimes, como roubo de cargas milionárias e a venda de drogas. Eles usavam celulares para que as orientações chegassem até os responsáveis por executá-las.
“Dos 40 alvos de prisão preventiva, 30 estavam presos e são pessoas de altíssima periculosidade, que cometiam crimes como homicídios, tráfico de drogas, assaltos, lavagem de dinheiro, entre outros”, destaca Alberto Tenório, chefe da Delegacia de Investigações Especiais, que coordenou as investigações.
Entre os alvos, havia 11 homens que cumpriam penas na Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá, eles serão ouvidos e transferidos para presídios federais. Alguns deles, já foram condenados há mais de 60 anos de prisão e davam ordens para a execução de mais de 10 tipos de crimes.
Em Montes Claros, cinco homens foram alvos de prisões, três já estavam detidos nos Presídios Alvorada e Regional. Um, que mora no Bairro Cintra não foi encontrado e o outro, que reside no Vera Cruz, foi localizado; ele ficou paraplégico em 2016, após ser atingido por um tiro nas costas na porta do imóvel onde mora, por conta do envolvimento com o tráfico de drogas.
"No Paraná, conseguimos identificar interceptar dois telefones, um que estava em Umuarama e outro em Cruzeiro do Oeste, eram pessoas ligadas efetivamente a um dos presos que estava em Francisco Sá, eles cometiam crimes, como o tráfico de drogas, inclusive com apreensões pela Polícia Civil do Paraná", explica Tenório.
TUDO COMEÇOU COM UMA CARTA
O delegado explica que as investigações tiveram início após o Departamento Penitenciário apreender uma carta dentro da unidade prisional de segurança máxima de Francisco Sá (MG). Líderes da organização determinaram que cinco agentes fossem mortos. Posteriormente, um vídeo circulou nas redes sociais reforçando a ordem.
“Foram analisadas 34.600 ligações e identificados 78 alvos suspeitos até chegarmos aos telefones que estavam dentro das unidades”, fala o chefe da Delegacia de Investigações Especiais. Somente na Penitenciária de Francisco Sá, a Polícia Civil constatou que dois eram utilizados. Buscas estão sendo feitas para localizar todos os aparelhos identificados.
Nas interceptações, feitas com autorização da Justiça, os investigados aparecem negociando cinco cargas de fertilizantes roubadas em Uberaba (MG) e que estão avaliadas em R$ 1 milhão. O dinheiro seria usado para o tráfico de drogas. Veja transcrição do áudio.
- Pra você arrumar uns comprador de carga de fertilizante pra nós, mano.
- Tá na mão?
- Tá na mão, na unha. Só falta o comprador
- Tem muita carga, o bagulho foi doido mesmo”
Em outra escuta, detentos falam sobre o custo de conseguirem que o celular chegue até eles nas unidades prisionais, que seria de R$ 15 mil.
- Aqui é osso. Telefone nós comprou aqui teve que juntar seis pessoas pra poder pagar, mano.
- Quanto que é um telefone aí?
- Aqui é 15 mil!
- Cê é doido muleque!
"Essa grande operação demonstra que o Estado de Minas Gerais está organizado e preparado para enfrentar esse tipo de problema. Essa operação foi presidida aqui, mas com reflexo em toda Minas Gerais." — Jurandir Rodrigues, chefe 11º Departamento de Polícia Civil.
BALANÇO DE APREENSÕES DE CELULARES
Um levantamento feito pelo Departamento Penitenciário aponta que 90 celulares foram apreendidos neste ano nas unidades prisionais no Norte de MG. O balanço aponta ainda que 42 familiares de detentos que tentavam entrar com os aparelhos foram detidos.
Adailson Santos, diretor regional do Depen - 11ª Região, diz que as fiscalizações foram intensificadas, com o número de apreensões e prisões, os detentos passaram a tentar utilizar outras estratégias. Ele cita o caso do pombo, que estava morto e tinha seis chips e um celular no interior. A ave foi encontrada na grade do pátio de sol no dia 18 de setembro deste ano.
“Se por ventura for constatado o envolvimento de servidores, atuaremos junto ao nosso órgão correcional. Se houver crime, encaminharemos o caso à polícia, para fins de apuração. Mas até o momento, não há fatos que vinculem a participação de servidores”, finaliza.
Uma equipe do Comando de Operações Especiais (Cope) do Sistema Prisional, de Belo Horizonte (MG), também participou da operação. “O Cope é altamente qualificado, com treinamentos táticos e operacionais, para atuar na escolta de presos de alta periculosidade e em ações de motins e rebeliões de unidades prisionais”, diz o diretor geral do Cope, Marinho Rômulo Fialho.