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POLÍCIA DECIDE NÃO INDICIAR SUSPEITO DE ABUSO NO MAGNUM POR FALTA DE PROVAS
21outubro / 2019
Segundo a corporação, as vítimas não sofreram abuso sexual pelo investigado nem por qualquer outro professor ou integrante da escola
A Polícia Civil de Minas Gerais decidiu não indiciar Hudson Nunes de Freitas, de 22 anos, ex-auxiliar de educação física do Colégio Magnum, no bairro Cidade Nova, na região Nordeste da capital, acusado de abusar sexualmente de crianças da instituição.
De acordo com a corporação, não foram encontrados elementos para declarar o jovem culpado e há ausência total de provas. Ele foi acusado pela mãe de uma criança de 3 anos no início deste mês.
Desde que o caso veio à tona, no dia 5 de outubro, Hudson sempre negou ter cometido qualquer crime, tanto em depoimento à polícia quanto em entrevistas à imprensa. Em entrevista à Rádio Super 91,7 FM no dia 8 de outubro, ele disse que estava com a consciência limpa. Na semana passada, pais e alunos do Magnum fizeram uma manifestação de apoio a Hudson na porta da escola.
INVESTIGAÇÕES
Ao todo, de acordo com a corporação, sete boletins de ocorrência foram registrados por representantes legais de crianças do maternal III e do módulo infantil.
Para concluir o inquérito, a Polícia Civil realizou escutas especializadas com as crianças e seus representantes e com funcionários, professores e testemunhas do colégio.
Foram analisados exames de corpo de delito, áudios das supostas vítimas, a vida pregressa do suspeito e mais de 30 horas de imagens de câmeras de segurança.
Além das crianças, alguns pais também passaram por avaliações psicológicas feitas por uma equipe composta por três psicólogas e uma psiquiatra.
Após a apuração, a Polícia Civil concluiu que nenhuma das crianças sofreu qualquer tipo de abuso, nem pelo suspeito nem por funcionários da escola ou por outra pessoa fora dela.
RAPIDEZ NA APURAÇÃO
Questionadas sobre a agilidade das investigações, que começaram no dia 4 de outubro, as delegadas Elenice Cristine Batista Ferreira, Thaís Degani e Renata Ribeiro falaram que era preciso dar uma resposta à sociedade.
PAIS NÃO ERRARAM
Segundo a corporação, os pais não erraram em realizar as denúncias. A falha veio nas técnicas de abordagem que podem ter prejudicado a exatidão das informações. A forma como as crianças foram perguntadas, o jeito como o assunto se alastrou pelo ambiente escolar e a ampla divulgação do caso são alguns dos fatores.
“Nas técnicas que prejudicam a exatidão estão conversas entre pares (conversas entre as próprias crianças), recebimento de informações de forma indireta, ampla divulgação do caso pela imprensa, influência das redes sociais e produção de rumores. O assunto estava no ambiente escolar. Esses fatores interferiram para que tantos pais procurassem a unidade policial para registrar informações que nem mesmo eles tinham certeza que haviam ocorrido”, explicou a chefe da Divisão Especializada em Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente, Elenice Cristine Batista Ferreira.
Ainda segundo ela, a primeira denúncia pode ter fomentado as demais. “Está comprovado nos autos que logo quando a primeira mãe supôs que seu filho pudesse ter sido abusado sexualmente pelo auxiliar de educação física, divulgou isso no grupo de pais da escola e todos começaram a perguntar e conversar entre si”, disse.
Para a Polícia Civil, foi determinante a forma como as crianças foram indagadas pelos pais. “Se você questiona de forma equivocada, você corre o risco de não ter uma fidedignidade dessas informações, e é evidente que a forma como nós abordamos as crianças pode, sim, trazer algum tipo de sugestionabilidade, e nós percebemos nos autos que perguntas foram feitas de forma direta. Em alguns deles a criança nem sequer tinha falado o nome do suspeito, e isso não foi um relato espontâneo das crianças. Pode, sim, ter interferido”, afirmou a delegada.
A alegação feita por alguns pais sobre o comportamento estranhos dos filhos também foi avaliada e, segundo os investigadores, alguns dos pais já haviam sido informados pelo colégio anteriormente sobre essas alterações.
A delegada Renata Ribeiro, chefe da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, também falou que os pais não falharam em procurar esclarecer o caso. “A criança te relatou um fato. Você não sabe se aconteceu ou não. O procedimento dessa mãe foi correto. Ela procurou uma delegacia para saber o que aconteceu com o filho dela. E essa resposta tem que vir da polícia. A investigação é necessária para dar um reforma técnica e analisar todo o contexto. O relato da criança é essencial mas tem que levar em consideração como a prova foi obtida”, afirmou.
Ainda segundo a Polícia Civil, os pais não agiram de má fé. “A investigação não detectou qualquer tipo de dolo ou má intenção desses pais em registrar esses boletins de ocorrência. Tiveram, sim, alguns fatores que influenciaram a procura desses pais a unidade policial? Sim. Foi detectado durante a investigação. Agora é importante frisar que qualquer pessoa que tenha notícias ou suspeitas da prática de abusos sexuais contra crianças, tem que procurar as autoridades responsáveis”, afirmou Renata.
“Fato é que os pais não erraram. Não foi encontrado nenhum indício de má intenção. Qualquer suspeita de abuso deve ser denunciada à Polícia Civil”, corroborou a delegada Elenice Cristine Batista Ferreira.
A Polícia Civil também confirmou que outros boletins de ocorrência envolvendo filhos da mulher que fez a primeira denúncia foram constatados. Um deles seria uma denúncia de assédio contra a filha dela. “Isso está sob operação em outra unidade policial e não tem ligação com abuso sexual diretamente. Essa mãe desconfiava da prática de assédio dessa criança por meio de internet”, afirmou a delegada Elenice Cristine Batista Ferreira, que não deu mais detalhes do caso.