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'EMPRESÁRIOS DO CRIME' QUE VENDIAM 'SUPERMACONHA' EM ESPETINHO DE BH SÃO PRESOS
04agosto / 2020
Segundo a Polícia Civil, investigados usavam estabelecimento, localizado em uma rua atrás da avenida Silva Lobo, de fachada para comércio da droga
Criados desde pequenos juntos, brincando pelas ruas do bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste de Belo Horizonte, dois amigos de 28 e 33 anos estenderam a ligação até a vida adulta, mas pelo caminho do crime. Eles foram presos durante o transporte de mais de seis quilos da droga skunk, conhecida também como "supermaconha", que tem o valor de mercado mais alto que a maconha prensada. Nesta sexta-feira (31), a Polícia Civil deu detalhes do caso, e informou que os investigados são sócios em um lava jato e um espetinho no bairro Grajaú, região Oeste da capital mineira.
Nos últimos oito dias, o Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc) realizou a prisão de três homens. "O departamento, através da 2ª Delegacia, vem monitorando uma associação especializada na venda de skunk na capital. No último dia 24, nós realizamos a prisão em flagrante de um indivíduo de 20 anos no ato de venda de um quilo de skunk. Essa prisão foi importante porque nos permitiu identificar e qualificar o distribuidor", explicou o delegado Rodolpho Machado.
O jovem foi preso na rua Bernardo Guimarães, região Centro-Sul de BH. A partir daí, a polícia começou a monitorar o outro suspeito de envolvimento no esquema. No dia 29, ele foi preso após pegar mais drogas na região da cidade de Campanha, no Sul de Minas Gerais.
"Ele desceu até o Sul de Minas, onde já é uma região com vários trabalhos sobre pessoas que plantam e vendem uma maconha diferenciada, uma maconha gourmet. Fez a aquisição dessa droga e retornou pela BR-040 quando foi abordado (na altura de Conselheiro Lafaiete). O indivíduo fazendo a bateção, vindo na frente comunicando o transportador da presença policial, e o transportador", detalhou o policial.
Público diferenciado e comércios de fachada
Devido ao valor no mundo do crime, a supermaconha era vendida para quem tinha um poder aquisitivo mais alto. A Polícia Civil não divulgou valores, mas afirmou que a margem de lucro pode chegar até mil por cento - diferentemente da "maconha comum".
"O público que adquire essa droga quer um conforto maior na compra e venda, não se sujeitando a buscar em aglomerados. Ponto de tráfico de drogas em aglomerados é uma zona em que as gangues precisam se defender, têm os soldados armados. O tipo de usuário que quer o skunk não quer se submeter a esse risco. Por isso que a margem de lucro e a logística desses traficantes de especiarias tem o valor agregado muito maior. A margem de lucro é maior, o custo dessa droga é maior e, novamente, a gente tem notado que o Sul de Minas, em razão das suas condições climáticas, tem um crescimento de produção muito grande nesse aspecto.Tanto que já fizemos uma apreensão recente em São Thomé das Letras", contou Machado.
Além disso, segundo a equipe policial, o lava jato, que recebeu o nome de "Operação Lava Jato", e o espetinho serviriam de fachada para o comércio da "droga requintada". O imóvel alugado tem os fundos para a avenida Silva Lobo, via que concentra vários bares e instituições de ensino superior particulares.
"Eles são amigos de infância e montaram um lava jato que servia de fachada para venda de skunk. O público, enquanto lavava carro e comia lanches, também adquiria a droga. Eles se passavam por empresários, sendo que, na verdade, estavam tendo sucesso financeira à base da venda da droga", afirmou o delegado.
Entenda a diferença da "supermaconha"
Durante a coletiva, o delegado Rodolpho Machado explicou qual a diferença da "supermaconha", que tem um público específico. "O skunk é a planta da maconha com uma modificação genética para ter um índice de THC (Tetrahidrocanabinol) maior, um maior poder alucinógeno e ela tem uma produção diferenciada com relação à qualidade. É possível notar que ela não é prensada, tem um aroma melhor e vamos dizer uma 'qualidade sanitária diferente' de uma droga prensada que vem do Paraguai, Bolívia, que vem prensada em caminhão, mofa, mistura com outras plantas. É para um usuário com um melhor poder aquisitivo e com uma exigência de qualidade maior", contou o policial.
Transportador diz que mais skunk era para consumo com os amigos
O transportador, de 28 anos, afirmou à polícia que a quantidade de droga apreendida seria para ser usada durante 30 dias por um grupo de amigos em um sítio. Já o batedor, de 33 anos, negou envolvimento com o tráfico e afirmou que estava "ajudando" o amigo de infância. Além disso, o investigado afirmou que receberia R$ 1.500,00 para "bater o caminho".
"Todavia, ele conduzia um Corolla 2019. O patrimônio dele, o próprio carro o valor é muito alto para ele receber só R$ 1.500,00 para fazer esse serviço', salientou o policial.
A reportagem de O TEMPO esteve no lava jato, mas o imóvel estava fechado. No número de telefone que consta na página do estabelecimento no Instagram, as ligações não completaram.
Polícia investiga participação de outras pessoas
As investigações do caso continuam e a Polícia Civil pretende localizar outras pessoas que tenham envolvimento com o esquema.
"Esses traficantes faziam uma venda pequena dentro do lava jato, mas têm braços - geralmente pessoas jovens, universitários que se misturam nesses potenciais consumidores. Têm essas pessoas que compram para dividir com colegas, mas são, na realidade, braços da operação e devem responder. Acreditamos que tem uma pessoa acima deles para fazer essa intermediação com o Sul de Minas, e os potenciais agricultores.Temos dois nomes já no Sul de Minas", finalizou o delegado.